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Museu Mário Fava é boa opção de turismo regional

Espaço preserva a memória de brasileiros que mapearam a Estrada Pan-americana

Imagine conhecer uma história de aventura pelas Américas em uma época que não havia muitas estradas e os perigos eram enormes. O Museu Mário Fava, em Bariri, no Interior de São Paulo, reúne esses ingredientes para narrar a façanha de três brasileiros, Francisco Lopes da Cruz, Leônidas Borges de Oliveira e do mecânico baririense Mário Fava, e é uma boa opção de roteiro para, por exemplo, uma viagem no final de semana. O trio ficou conhecido por percorrer 27.631 quilômetros para mapear a Estrada Pan-americana, que interliga as Américas, passando por 15 países.

A viagem teve início em 1928, no Rio de janeiro, e durou dez anos. O trajeto foi feito a bordo de um Ford T, batizado com o nome de ‘Brasil’, e de uma caminhonete da Ford, que levou o nome de ‘São Paulo’, abrindo caminhos entre campos, florestas, montanhas, pântanos e rios. No final da jornada, os desbravadores foram recebidos na Casa Branca pelo presidente Franklin Delano Roosevelt e o empresário Henry Ford. “O objetivo do museu é reunir essa história de pioneirismo e mostrar para o visitante parte dos desafios enfrentados pelo trio há mais de 80 anos”, conta o curador e um dos fundadores do museu, José Augusto Barboza Cava. O visitante pode fazer uma viagem por meio de fotos dos desbravadores, documentos, registros, jornais da época e mapas de viagem.

A aventura do trio coincide com a popularização do automóvel no Brasil e, consequentemente, a necessidade de abrir novas estradas e mapear outras existentes em nome do progresso. De acordo com o curador, a viagem para desbravar a Pan-americana foi organizada por Leônidas Borges de Oliveira, que recebeu do então presidente Washington Luís um documento que dava fé e apoio do governo brasileiro à empreitada. “Esse registro também contribuiu para que os viajantes pudessem angariar apoio no custeio da viagem nos países por onde passavam, conforme a viagem fosse avançando”, explica o curador.

 

Os carros não ficam nos EUA

O visitante que passar pelo Museu Mário Fava poderá conferir de pertinho a estrela da casa, o Ford T (fabricado em 1918 e montado em 1919), um dos veículos utilizados na viagem. O carro então com dez anos de uso foi doado para a expedição pelo jornal carioca O Globo. A caminhonete Ford foi doada pelo Jornal do Comércio de São Paulo e ambos chamaram atenção quando chegaram aos Estados Unidos.

Empolgado com o feito dos brasileiros, Henry Ford, fundador da montadora que tem seu sobrenome, requisitou pessoalmente ao trio a compra dos veículos assim que constatou a originalidade dos carros. “Ele ofereceu um bom dinheiro para garantir a permanência dos carros nos Estados Unidos. Certamente, a ideia era utilizá-los como símbolo da qualidade e da tenacidade na marca”, conta Cava.

O pedido foi recusado pelo trio, que considerou que os veículos pertenciam aos brasileiros e deveriam retornar ao Brasil. Ao voltar ao País, os aventureiros foram recebidos pelo então presidente Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

O Ford T foi doado ao Museu do Ipiranga após a viagem e, depois, entregue ao Museu do Gaetano Ferolla, que conta a história do transporte público da Capital do Estado. Desde 2009, Bariri tenta reaver o veículo e só em janeiro deste ano o Ford T chegou ao município. Para ser instalado dentro do museu, o carro precisou ser desmontado e montado em definitivo no salão principal. O outro veículo da expedição se perdeu no tempo depois de ser abandonado em um terreno baldio nas proximidades do Museu do Ipiranga.

 

Sede

Patrimônio histórico de Bariri, o prédio que abriga o museu já foi sede da Sociedade Italiana de Beneficência 4 de Novembro. A construção tem mais de 90 anos e reunia italianos que moravam em Bariri para a realização de festas e acolhimento de novos imigrantes. Com o passar do tempo, o prédio foi doado para a Santa Casa e abandonado depois de anos. Com a instalação do museu, todas as dependências foram restauradas, preservando a arquitetura original. O Museu Mário Fava tem cinco fundadores, Aziz Chidid Neto, Ari Francisco Fiadi, Ângelo Roberto Falseti, Osni Ferrari e o curador José Augusto Barboza Cava, que lançou na mesma data de inauguração do museu o livro "Museu Mário Fava – Histórias de Bariri".

 

Serviço

“Museu Mário Fava”

Rua Tiradentes, nº 410. Bariri/SP

Contato: (14) 3662-1317

As visitas podem ser realizadas de terça a domingo, das 10 às 19 horas.

 

Redação

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