A manhã da última quinta-feira (12) tinha tudo para ser uma manhã normal, e estava sendo para a maioria dos funcionários da Santa Casa de Araraquara, exceto para as equipes do Centro Cirúrgico. Os profissionais receberam a missão de dar suporte para equipes de três grandes hospitais do Estado de São Paulo, que vieram buscar órgãos de um paciente que faleceu na Santa Casa de Araraquara.
A expectativa de retirada de três órgãos de um único paciente era grande e contagiava as cerca de trinta pessoas presentes na sala. “A expectativa de poder captar órgãos é sempre muito positiva, o doador é jovem, e serão várias pessoas contempladas com essa doação. Apesar da fatalidade, nós ficamos contentes em poder dar continuidade à vida.”, conta a enfermeira coordenadora do Centro Cirúrgico da Santa Casa, Cibely Oliveira.
A doação de órgãos só é possível quando o paciente tem morte cerebral e mediante autorização por escrito da família. “Toda a movimentação para realizar a captação desses órgãos começou ontem (11) com a abertura do protocolo. Em seguida, foram realizados todos os exames necessários para garantir que o paciente seria um bom doador e depois foi conversado com a família sobre a possibilidade da doação, a qual concordou com o procedimento. A partir disso, todas as informações foram enviadas para a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Estado de São Paulo (CNCDO), que buscou em suas listas de espera onde estariam os pacientes compatíveis com este doador”, explica a enfermeira da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) do Hospital das Clínicas Ribeirão, Eliana Carla de Souza Santos.
A cirurgia de captação de órgãos segue uma sequencia biológica, para que não ocorra falência de nenhum órgão. Por conta disso, a cirurgia começou pelo fígado, seguindo para o pâncreas e rins.
Todas as equipes entram juntas para acompanhar e realizar a cirurgia, mas cada uma só pode acessar o paciente para captar o órgão que tem interesse quando a equipe anterior já finalizou seu processo, seguindo a ordem biológica da captação. A grande cirurgia teve início às 11 horas da manhã e foi finalizada em torno das 16 horas.
Esta é a terceira captação que a equipe da Santa Casa realiza em 2018. “Ficamos muito satisfeitos de poder abrir as portas para que outros hospitais venham captar aqui. Isso mostra que estamos preparados e equipados como os grandes hospitais da capital”, esclarece o diretor geral da Santa Casa, Jader Pires.
Transplantes no Brasil
Segundo o site do Ministério da Saúde, a informação mais recente disponível sobre os quantitativos de potenciais receptores em lista de espera por um transplante de órgão ou córnea, por estado, foi de julho de 2017. São 309 pessoas esperando por um coração; 1249 pelo fígado; 191 pulmão; 20850 rim; 24 pâncreas;524 rim/pâncreas e 10434 por córnea.