Quando pensamos na palavra solidão, erroneamente quase sempre denotamos a ela um sentimento negativo.
Não é ruim estar só, ruim é sentir-se só quando não sozinho. Parece complicado compreender, mas não é.
A solidão muita vezes é um modo de enxergarmos quem somos. Sozinhos, passamos a meditar questões referentes a nosso eu interior e às nossas relações. Passamos à questionar o modo como vivemos e como sentimos nossa relação com o mundo.
A solidão em dias turbulentos pode ser um presente, uma benção trazida dos céus para que possamos aquietar nossas ansiedades e aflições. Um presente para que possamos viver com autenticidade e prazer.
Reassistimos um filme, relemos um livro, não nos preocupamos com o modo de sentar ou comer, apreciamos uma flor que nasce, nos entregamos às boas lembranças…
A solidão só se torna um fardo quando juntos, estamos sós. Quando queremos estar perto emocionalmente, mas nos encontramos longe.
Num domingo qualquer acordamos, sentimos a necessidade do outro ao nosso lado e não o encontramos. Tomamos nosso café sozinhos e nos encontramos solitários. Em que abismo construímos algumas de nossas relações? Onde está o outro além de dentro da gente mesmo?
É ruim que nos encontremos assim, esse é um dos lados negativos da solidão. Quando estamos acompanhados, mas nos encontramos solitários.
Em situações como essa nos damos conta de que nossos sonhos foram esmagados exatamente pela falta de solidão que há no ato reflexivo de estar só.
Acabamos por nos acostumar com uma vida solitária a dois, sem aproveitar o que a solidão nos traz: Uma oportunidade reflexiva de estarmos com alguém que esteja de verdade disposto a estar junto de nós.
Os momentos de solidão servem para que esse sentimento abismal de estarmos sós quando acompanhados não nos invada.
É no ato reflexivo da solidão que encontramos quem está verdadeiramente dividindo conosco a nossa vida.
E sempre existe alguém ou sempre existirá. O que é preciso muitas vezes é mudarmos o foco do olhar e apreciarmos a nós mesmos.