InícioblogA onda conservadora

A onda conservadora

Clero araraquarense contagiou-se pelo conservadorismo em moda no Brasil. Expulsão de andarilhos e desqualificação dos beneficiários do Bolsa Família foram bradados do altar

O Brasil vive uma onda
conservadora. Temas como a redução da maioridade penal avançam no
Congresso Nacional sob a batuta do presidente da Câmara dos deputados,
Eduardo Cunha.

Além da classe política, esse movimento parece ter
contagiado setores da sociedade que, outrora, serviu como ponto de
resistência. Refiro-me, por exemplo, a igreja católica, a maior em
número de fieis no país e cuja postura progressista em momentos
determinantes da história recente garantiu papel de porta-voz dos
setores menos favorecidos. Lembro-me de inúmeras campanhas da
Fraternidade cujos temas sacudiam a própria igreja em debates sobre
moradia e fome.

No entanto, a postura dessa instituição, em
consonância com a pauta política é mais conservadora do que
transformadora. Em Araraquara, durante o período eleitoral de 2014, ouvi
um padre declarar, em alto e bom som durante a homilia que os
beneficiários do Bolsa Família seriam vagabundos sustentados pelo
governo. “Especialmente no norte e nordeste”, sustentou o sacerdote.  

Das
atrás, ouvi outro pároco pedir que as autoridades de segurança pública
tomem medidas para retirar os moradores de rua da Praça do Carmos.
Segundo ele, a presença desses indivíduos afugenta os fieis e causa
insegurança aos freqüentadores da praça e da igreja.

Não dá pra
contrariar os argumentos do padre em relação a insegurança. Mas
sinceramente, eu compreenderia se ouvisse isso da boca de um morador do
bairro, de um comerciante – que não quer ter seus lucros afetados -, mas
da igreja se espera outra postura.

Recentemente, o Papa
Francisco determinou que fossem instalados chuveiros para que os
moradores de rua nos arredores do vaticano pudessem fazer sua higiene
pessoal. Aqui em Araraquara, o padre quer uma base da PM para expulsar
os andarilhos.

Quem é que tem razão? Prefiro a igreja que acolhe ao invés do mandar a “escória” para outra freguesia.

Luís

Notícias relacionadas

Mais lidas