InícioCultura+CulturaCasa SP Afro Brasil recebe "Tributo a Aparecida"

Casa SP Afro Brasil recebe “Tributo a Aparecida”

Neste sábado (16), às 18h, a Casa SP Afro Brasil “Oswaldo da Silva Bogé”, que fica na Av. Paulo da Silveira Ferraz, 1195, Vila Xavier, receberá o “Tributo a Aparecida”, com entrada gratuita ao público.

A apresentação será da coordenadora de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, e a música ficará por conta de Adilson Mayar, que cantará ao som da percussão de André Leão e Junior Sarrinha e o back vocal de Henrique De Oxóssi, Luci Amaral, Pai Paulinho D’Ogum e Tatau Bonni.

O evento será realizado pela Prefeitura de Araraquara por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Participação Popular, Coordenadoria Executiva de Políticas Étnico-Raciais e Casa SP Afro Brasil.

A homenageada

Maria Aparecida Martins foi uma cantora e compositora, de carreira dedicada principalmente ao samba e a ritmos africanos. Nasceu em 4 de dezembro de 1940, na cidade de Caxambu, sul de Minas Gerais. Em 1949, junto de seus pais, foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como passadeira e faxineira.

Ela começou a compor em 1952 e iniciou a carreira artística pelas mãos de Salvador Batista, em cujo grupo atuou como passista por dez anos. Na década de 1960, ela teria participado do filme “Benito Sereno e o Navio Negreiro” e a atuação lhe rendeu um prêmio e uma viagem à França. Lá, apresentou-se numa boate onde interpretava suas próprias composições. Em 1965, voltou para o Brasil e venceu o Concurso de Música de Carnaval do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro. No mesmo ano, seu samba “Zumbi, Zumbi” venceu o III Festival de Música de Favela.

Em 1968, compôs o samba-enredo “A sonata das matas” para a escola de samba Caprichosos de Pilares. Foi a segunda mulher a vencer uma disputa de samba-enredo numa escola, depois de Dona Ivone Lara. Ao lado de Darci da Mangueira, Sidney da Conceição, Sabrina e Chico Bondade, entre outros, participou do LP “Roda de Samba” em 1974. Foi a primeira vez em que gravou uma composição de sua autoria, “Boa-noite”. No mesmo ano, saiu o disco “Roda de samba nº 2”, com Nelson Cavaquinho, Sabrina, Roque do Plá, Rubens da Mangueira e Dida. Desta vez, Aparecida interpretou “Proteção” (David Lima e Pinga) e “Rosas para Iansã” (Josefina de Lima).

Seu primeiro disco solo, “Aparecida”, foi gravado em 1966. O repertório incluía suas músicas “Talundê”, “Nanã Boroquê” e “Segredos do mar” (todas em parceria com Jair Paulo), “Tereza Aragão”, “Meu São Benedito” e “Inferno verde”. Também adaptou a canção folclórica “A Maria começa a beber”.

Ela demorou mais 10 anos para lançar seu segundo LP, “Foram 17 anos”, no qual voltou a gravar suas composições, entre elas 17 anos, “Grongoiô, propoiô” (parceria com João R. Xavier e Mariozinho de Acari) e “Diongo, mundiongo”. Nos anos seguintes vieram “Grandes sucessos” (1977), “Cantigas de fé” (1978), “13 de maio” (1979), “Os Deuses Afros” (1980) e “A rosa do mar” (1983). Passou ainda um tempo no Ceará, onde morreu em 1985.

A história da homenagem

Adilson Mayar, idealizador do encontro, conta como teve seu primeiro contato com a música de Aparecida. “Na década 80, em Araraquara,  onde nasci, acompanhava minha saudosa mãe biológica negra guerreira Dona Benedita Justino no Terreiro de Umbanda Cacique Pena Azul, da saudosa Mãe Leondina de Oxum. Me recordo que tinha medo dos espíritos, mas o que me acalmava e distraía era ouvir um disco de vinil que tocava antes dos trabalhos espirituais e era da cantora Aparecida. Eu via aquela foto daquela mulher preta linda e me identificava com seus cantos que falava de orixás, magias, entre outras coisas. Ainda nessa época, eu trabalhava como guarda mirim e um dia, passando em frente a uma loja de discos, ouvi um samba que saudava as santas almas benditas e essa cantora era Leci Brandão. De pronto, adorei aquela canção e, para a minha surpresa, a loja estava tocando, pois naquela época a umbanda era muito mais discriminada, mal vista, e não podíamos falar abertamente que éramos  ‘macumbeiros’ umbandistas. Na primeira oportunidade, comprei o disco e uma vitrola de mão a pilha para também ouvir Leci”, relata.

Ele lembra que desde pequeno também desfilava na Escola de Samba Estrela de Vila Sant’ana de Araraquara, do presidente Oswaldo da Silva Bogé, da qual chegou a ser intérprete. Quando a Casa SP Afro Brasil, que leva o nome de Bogé, foi inaugurada, o cantor teve seu primeiro contato com Alessandra Laurindo, a quem revelou o desejo de homenagear Aparecida. “Ela, prontamente atenciosa, me disse que o espaço é nosso, para ficar à vontade. E assim nasceu o projeto Tributo a Aparecida, que com a graça de Deus e a proteção dos orixás vamos realizar. Coincidência ou não, é muito emocionante para mim, enquanto artista filho da terra, poder cantar Aparecida dentro da casa do nosso mestre Bogé”, acrescenta.

Adilson falou também sobre a escolha do repertório. “É claro que coloquei no repertório, que foi difícil a escolha, de três canções da cantora Leci Brandão. Essas duas grandes cantoras e compositoras são minhas referências na música. Faremos esse show com todo amor e carinho que todos merecem. Não importa se não sou famoso, como diz a Leci, quero estar no meio. E agradeço a Deus e ao universo pela minha voz e o dom de cantar. Humildemente, gratidão, Senhor. Desejo a todos um ótimo show e que possamos levar alegria e apresentar canções que muitos das matrizes africanas não conhecem. Saravá. Axé”, completou.

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Redação

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