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Orientação sexual e identidade de gênero

O que é mito e o que é realidade nesse debate?

Olá leitores, meu nome é Paulo Tetti, militante LGBT, e vim falar um pouco sobre alguns assuntos que é de muita importância para que tenhamos conhecimentos e no mínimo respeitar as diferenças, pois creio que a LGBTfobia se combate com educação e criminalização.

Para quem não sabe o que é LGBTfobia é quando pessoas que, por ódio, raiva ou aversão, tiram sarro, batem ou matam pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Hoje o Brasil é o país mais homofóbico do mundo, sendo que a cada 28 horas um LGBT é morto. Só esse ano de 2017 já morreram 103 LGBT, a maioria são travestis e transexuais.

Achei interessante a gente começar pelo básico, porque muitos não sabem a diferença entre Orientação Sexual, Identidade de Gênero e Gênero, que é o que compõe o tripé da Diversidade, pois assim, depois em outras matérias vocês poderão entender as livres expressões de gêneros.

Orientação Sexual:

Nada mais é que uma pessoa se relacionar afetivamente e sexualmente com outra pessoa do mesmo sexo, ou seja, se eu sentir uma atração ou desejo por outro homem a minha orientação é ser Homossexual; se eu for uma mulher e sentir atração por outra mulher a minha orientação é ser lésbica; ou se, por exemplo, eu, Paulo, sentir atração ou sentimento de flertar com uma mulher, então a minha orientação é ser Heterossexual.

Muitos ainda falam errado quando, por exemplo, tratam como “a minha opção”. Nunca deveremos falar assim, porque ninguém opta em ser alguma coisa. Eu não optei hoje por acordar heterossexual, médico, dentista, etc. O correto é sempre a minha orientação sexual, seja ela qual for, porque muitas pessoas ainda confundem orientação sexual com identidade de gênero, que é o que vamos falar logo abaixo, mas para isso deixamos bem claro que tudo é uma questão complexa do entendimento, mas são as diversas facetas da sexualidade humana.

Aí, meu caro leitor, você pode me perguntar, que diferença faz estas informações na minha vida? Muita! O conhecimento quebra barreiras, gera entendimento, elimina o preconceito, porque afinal, sexo todo mundo faz e você não imagina seu pai e sua mãe tendo uma relação, e assim segue com seus amigos, irmãos e tem ai um contexto sexual, a identidade de gênero, claro, o ser humano pratica sexo, mas se deixarmos de ver o sexo como um tabu, algo sujo, se enxergarmos os seres humanos por si só, veremos que cada ser um pelos outros, nosso entendimento muda.

Identidade de Gênero:
Primeiramente nós precisamos saber e entender que identidade de gênero nada mais é do que a não identificação com o corpo que nascemos.
Digamos que uma pessoa nasce com o sexo masculino e esta pessoa, ao seu olhar no espelho, não se identifica com o sexo que vê, é como se ela estivesse no corpo errado, como se estivesse presa em um corpo que não a pertence, seria por exemplo o caso de um homem, de nascimento, que se vê como mulher, e a mesma coisa de uma mulher de nascimento que se vê como um homem.

Eu acredito que gênero se constrói, assim já dizia Simone de Beauvoir (escritora e feminista), “ninguém nasce mulher, torna-se”.

Então o que essa pessoa faz? Ela busca acompanhamentos com hormonioterapias para se parecer e se aproximar do gênero que ela se identifica. O correto hoje seria ter em cada cidade um posto com um ambulatório integral para as travestis, mulheres transexuais e homens trans, porque só assim diminuiríamos os riscos que elas e eles têm de tomar hormônios por conta própria, se auto medicar até a morte e principalmente, as bombadeiras que aplicam silicone industrial nelas. A maioria delas acabam pegando infecções que levam ao óbito, por ser uso impróprio, por isso temos em São Paulo hoje o Ambulatório Integral para TTS (Travestis, transexuais e homens Trans), onde eles passam por avaliações psicológicas, psiquiátricas, todos os exames realizados lá, porém, a demanda é muito grande, pois as transexuais passam por acompanhamento para a redesignação de sexo (mudança de sexo) e a fila hoje de espera é de mais ou menos 12 anos. Vocês acham que elas esperam tudo isso? Não. Por isso elas compram hormônios, se aplicam, tomam errado e, mais tarde, correm risco de vida. A estimativa de vida de uma travesti é de uns 35 anos por causa dessa vulnerabilidade. Muitas se tornam profissionais do sexo porque não conseguem emprego, porque a sociedade ainda é muito preconceituosa e não aceita travestis e trans por se tratar de pessoas que se prostituem, que são grupo de risco de doenças e incapazes.

O Fantástico, programa da Rede Globo, está exibindo um documentário sobre transexualidade. Para que você leitor não ache que a trans ou o homem trans opta por ser quem ele é ou pensem que é um distúrbio de identidade de gênero, como muitos médicos atestam em laudo, vamos entender como acontece a transição.

Quando a mulher está em gestação, a genitália se forma a partir da 10ª semana de gestação. Enquanto isso o cérebro está em desenvolvimento, mas, por volta da 20ª semana é que se define a área da identidade de gênero, ou seja, genitália masculina com cérebro masculino, genitália feminina com cérebro feminino, ou, ao contrário, genitália masculina com o cérebro feminino, e genitália feminina com o cérebro masculino, que se designaria mulher transexual e homens trans. Quando isso ocorre, os PIS já conseguem identificam em seus filhos com 2, 3, 4 anos de idade.

Por isso, repito, é errado dizer que é uma escolha. Ninguém escolhe tomar hormônios, passar por todo o processo de transexualidade, acompanhamentos estéticos, sofrer preconceito para alcançar o tão almejado corpo, mesmo que a identidade de gênero seja ainda tratado por alguns como um distúrbio.
Os pais, como já disse, observam a criança desde pequena, a diferença de comportamento, a não aceitação com o corpo.

A transição de um sexo para o outro é muito dolorosa, longa e, pior, a maioria sem o apoio da família. Há muitos casos de trans que se mutilam tentando se livrar do corpo indesejado. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a espera chega a 12 anos na fila para a mudança de sexo. Enquanto isso, elas mesmo se aplicam silicone para ter a forma feminina e os homens trans as testosteronas, por exemplo.

Para finalizar, notem que tratamos nesse texto como “A TRAVESTI”, e nunca “O TRAVESTI”.

Travesti é do gênero feminino, não se incomoda de ter ser órgão biológico para ter relações sexuais com outros homens, procuram ter a melhor forma feminina e fazem o uso de hormônios.

Já a mulher Transexual e o homem Trans não usam seu sexo biológico para fazer sexo, tendo em vista que estão em corpo errado e não aceitam então seu sexo biológico para ter relação sexual.

Nosso próximo tema que será bafônico!!! Não percam!
 

Aconselho a assistir
“Orações para Bobby”, sobre orientação sexual.
”Minha vida em cor de rosa”, sobre identidade de gênero.

 

Paulo Tetti

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