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Promover a proteção animal também é um ato de conscientização ambiental

"Os rodeios e tais vaquejadas nada passam de uma expressão do domínio imperialista dos EUA no Brasil. Rodeios e vaquejadas receberam forte influência da cultura “country” norteamericana, e nada tem a ver com a nossa cultura nacional."

Uma enquete promovida pelo Portal Morada pede a opinião da população araraquarense sobre a volta dos rodeios na cidade. No início, os primeiros resultados apontavam que 85% das opiniões eram a favor da volta dos rodeios. Indignados com os resultados, grupos associados à proteção animal iniciaram uma campanha para conscientização dos maus-tratos aos animais vinculados a esse tipo de evento, conseguindo reverter o placar.

A manifestação de não concordância com o retorno dos eventos de rodeios na cidade demonstrou que as atividades de promoção à conscientização da proteção animal em Araraquara têm grande força de persuasão e impacto na educação ambiental de nossos cidadãos. Sim! Defender a vida dos animais e prover seu bem-estar é um ato de conscientização ecológica! Afinal, educação ambiental não é somente entendida como o processo de educar para não se poluir os rios, não jogar lixo no chão e plantar árvores.  A educação ambiental parte do princípio de se desenvolver nos cidadãos o sentimento de respeito à vida. Nesse caso, os animais domésticos como cães, gatos e inclusive os touros que são envolvidos nessas práticas são os agentes mais próximos para o desenvolvimento de nossa sensibilização.

Grupos a favor do retorno dos rodeios na cidade têm argumentado que essas festas, tidas como manifestações da cultura rural, devem ser preservadas, pois beneficiariam o município com a entrada de recursos financeiros. Além disso, os eventos envolvendo os animais não lhes trariam nenhum tipo de lesão ou dano à saúde dos animais. Infelizmente, o atual governo lançou um decreto que possibilita a prática das chamadas vaquejadas. Entende-se que esta seria uma forma de conservar a memória cultural do nosso país. No entanto, não vejo o rodeio como uma prática da vaquejada, tida como cultural na região central do país, onde a pecuária recebe grande destaque e importância econômica. Esclareço aos ruralistas, que os rodeios e tais vaquejadas nada passam de uma expressão do domínio imperialista dos EUA no Brasil. Rodeios e vaquejadas receberam forte influência da cultura “country” norteamericana, e nada tem  a ver com a nossa cultura nacional. Outra questão que cito nesse caso está relacionada com o porte dos eventos. O mega evento promovido em Barretos sempre conta com a presença de grandes investidores, que logo tratam seus animais como verdadeiros reis. Logo os eventos de médio e pequeno porte, como os locais, certamente não sustentam os mesmos cuidados aos animais.

A principal causa que leva a negar o retorno dos rodeios está diretamente relacionada com os estresses causados aos touros, que promovem a expressão de dor e sofrimento. “Ahh… mas não se amarram os testículos do touro, são somente as fivelas que apertam as virilhas”, argumentam os defensores dos rodeios. Certo. E com relação às esporas das botas! Que tal falar sobre o confinamento na bainha antes do peão subir e os portões se abrirem? Estresse também são maus-tratos, e para a grande parte da população que tem se sensibilizado com a dor dos animais, assisti-los em tal situação para promover a entrada de recursos para o município é algo que nos embrulha o estômago.

Em recente artigo ao jornal Estado de São Paulo, Giem Guimarães, escreve que ecologia não é ideologia (segue o link: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/ecologia-nao-e-ideologia/), pois ela é uma ciência de observação das respostas dos seres vivos às condições ambientais, e que a mesma deve ser praticada sem a influência das nossas paixões e emoções. No entanto, as observações dos resultados de trabalhos de ecologia têm sido os principais carros chefes dos movimentos de sensibilização às questões da preservação ambiental. Entendo que o bem-estar animal, inclusive daqueles os quais muitas vezes de algum tipo de serviço, também devem se estender.

Quanto à preservação da cultura rural, me lembro de minha infância, onde sinto saudades das manifestações de congadas, no dia de folia de reis, assim como das verdadeiras festas juninas com fogueiras promovidas pelas comunidades rurais. Recentemente, escrevi um texto sobre a questão ambiental de contaminação de agrotóxicos na produção de orgânicos da comunidade de assentados rurais. Isso sim é cultura nacional, que beneficia a todos e traz melhorias na qualidade de vida da nossa população. Diferente dos rodeios, que beneficiam com lucro um pequeno grupo que nem se quer tem consciência do sofrimento que causam para promover suas diversões e entretenimento!

Convido a todos a participaram dessa enquete e auxiliar na formação de opinião contrária a realização que trazem tamanho sofrimento. Devemos nos unir para que possamos lutar e manter o decreto municipal que mantém tal proibição. Do contrário, poderemos perder essa causa, uma vez que o nosso excelentíssimo presidente golpista interino retomou a liberação dessa prática que somente fortalece o domínio dos norteamericanos, que tem como objetivo enfraquecer nossa verdadeira identidade cultural!

Hugo Saulino

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