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Reinventando estratégias de enfrentamento ao Covid-19: ações no Vale do Sol

"[...] tive a ideia de mobilizar a comunidade, criando uma rede virtual em que moradores e comerciantes interajam eficazmente, e ofereçam seus serviços ou explanem suas demandas"

O Covid-19 não é mais uma opção, tampouco um cenário de filme de guerra a nos entreter, mas é ela própria, a guerra. Diante dela, aí sim, há apenas uma saída, o convite a uma nova vida. As relações econômicas e o neoliberalismo, que de novo já não tinha nada e praticava a velha tática do Deus Mercado independente e autônomo, mas tendo no Estado seu principal amparo de existência, vê desnudada sua verdadeira face com o coronavírus.

Bagunçando as economias mundiais e obrigando a tomadas de decisões institucionais que requalificam as estruturas nacionais, suas políticas e seus mercados, o Covid-19 intenta a uma reestrutura também da vida cotidiana, modificando o dia a dia de tantas famílias, assim como os pequenos comércios locais que veem sua subsistência ameaçada nesta nova temporada.

Diante este contexto, como moradora do Bairro Vale do Sol, pesquisadora científica na área da educação, e mãe de duas crianças pequenas, que terá de encarar este isolamento com os filhos em casa, sem que a necessidade da vida deixe de existir, tive a ideia de mobilizar a comunidade, criando uma rede virtual em que moradores e comerciantes interajam eficazmente, e ofereçam seus serviços ou explanem suas demandas.

O Covid-19, dentro de tantas perdas e tragédias que, inevitavelmente, vem anunciando, também pode nos ensinar sobre a famigerada palavra empatia, ou então sobre a tão conclamada colaboração. Como nunca, as formas de vida comunitárias podem estar bem próximas da realidade. O senso coletivo e a solidariedade podem, enfim, fazer parte da prática cotidiana de todos nós, se entendermos que não vamos superar essa terrível fase sozinhos, ainda que tenhamos de encarar a solidão dentro de nossos lares.

Rapidamente o grupo ganhou volume e vem angariando a adesão de dezenas de pessoas e estabelecimentos comerciais da comunidade. A experiência recente e potente, pois demonstra o poder da organização social e como o povo, junto, pode reinventar as relações econômicas e sociais, pode servir como exemplo para o resto da cidade de Araraquara e, por isso, a importância de sua divulgação.

Os novos tempos serão de muita distância física, mas de muito abraço solidário e, deste modo, será também eminentemente tecnológico. Pensando nisso, também estamos buscando parcerias para o desenvolvimento de um software que possa concentrar esses serviços e demandas, assim como de oferta de serviços gratuitos. Um poderoso canal de diálogo, constituindo uma grande rede colaborativa que auxilia a população em sua necessidade e não deixa que comerciantes locais quebrem seus negócios.

Esses novos tempos ensinam que temos muito a aprender e, principalmente, a inventar. Que a criatividade, tão tolhida em tempos que o relógio corria, possa ser utilizada para quem agora parece ter tanto tempo de sobra.

Marisa Demarzo

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