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Transexualidade na infância

Pela liberdade de ser e igualdade para todos

O tabu sobre a  transexualidade ainda existe. Em todo o mundo, infelizmente no Brasil também, o assunto ainda é tratado com uma doença sem cura, o que torna difícil o convívio da criança com o mundo. Haverá muito desconforto em sua trajetória de vida até ela se aceitar, porque, sim, quem tem que aceitar seu próprio gênero é você e não a sociedade.

Nos Estados Unidos, por exemplo, existem vários hospitais onde já atendem crianças a partir dos 3 anos de idade com acompanhamento dos pais e de uma equipe médica e psicólogos para começarem o acompanhamento.

E como é feito? Muito simples: as crianças têm todo tipo de brinquedos e roupas e assim vão desenvolvendo o que elas querem de fato.

Isso se repete por meses e anos talvez, até que aos 16 anos podem dar autorização aos pais para que, constatada a transexualidade, seja feito o retardamento dos hormônios. Assim, no caso de um homem que se identifique com o gênero feminino, por exemplo, não cresça a testosterona, e vice versa. Só depois começa o acompanhamento de hormonização.

Esse processo já existe no Brasil, especificamente no Hospital das Clínicas, onde eles estão adaptando o método e já está dando um ótimo resultado.

Uma matéria publicada pela imprensa espanhola me deixou muito curioso. Falava sobre uma campanha de conscientização sobre a transexualidade na infância. Desde o dia 10 de janeiro, 150 cartazes que trazem uma ilustração de crianças despidas correndo e sorrindo chamam a atenção da população do país sobre o preconceito em torno de crianças que não se identificam com seu sexo de nascimento. Acompanhando o desenho, a frase:

"Há meninas que têm pênis e meninos que têm vagina. É simples assim. Mas a maioria deles sofre diariamente, porque a sociedade não conhece essa realidade"

Criada pela associação espanhola Crysalis, que reúne famílias de crianças transexuais, a campanha gerou as mais diversas e extremas reações. Em entrevista à BBC, uma porta voz, contou que alguns cartazes foram rasgados e combatidos com símbolos religiosos, e em um deles o desenho original foi coberto por uma vagina e um pênis na menina e no menino, respectivamente.

A porta voz  ressalta que o objetivo da ação é sensibilizar a população sobre o preconceito contra crianças trans e denunciar o preconceito vivenciado por elas, o que reflete em altas taxas de suicídio na vida adulta – "A taxa de tentativa de suicídio entre adultos transexuais a quem foi negada sua identidade durante a infância é de 41%", informam os cartazes.

Os tabus em torno da sexualidade na infância atingem o desenvolvimento pleno da criança, que cresce tomada por medos, inseguranças e desconhecimento sobre o próprio corpo. Quando associada a crianças cuja orientação de gênero desvia dos padrões normativos do que é considerado normal, o preconceito se agrava ainda mais.

Essa campanha deveria ser feita também no Brasil, como disse a matéria acima, onde o índice de mortalidade entre adolescentes é muito grande, pois seus pais não aceitam sua identidade de gênero – o que pode levar ao suicídio.

Sendo assim, segue a dica: procure o Hospital das Clinicas, onde eles irão orientar direitinho de como proceder. Não se esqueça, nunca julgue seu filho, nunca o descrimine, pois não dá pra saber o quanto ele sofre ou poderá sofrer em ambientes como a sala de aula e, principalmente, dentro da família, no contato com primos, tios, avós, enfim…

Paulo Tetti

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